domingo, 28 de março de 2010

Tempo

Caro Futuro,

Há quanto tempo, não é?

Pois eu aqui do meu tempo fico a pensar: quando será que conseguirei mais tempo? Quando as inúmeras programações dos meus dias caberão neles?

Prometeram-nos maravilhas tecnológicas para melhorar nossas vidas, mudaram-se os costumes para buscarmos um cotidiano melhor, com mais qualidade de vida.

Estaremos aí pelo seu tempo com mais tempo do que já tivemos? Pelo andar da carruagem, chegaremos por aí ainda mais ocupados, mais desejosos de alguns minutos a mais.

Em dias de hoje, acordo no sábado, começo meu delicioso café da manhã em família e termino, quando menos espero, no jantar dominical, quase a caminho da cama.

Não que eu desperdice meu tempo. Longe de mim! Realizamos coisas sem conta, curtindo e vivendo nossos dias muito bem. Apenas parece que qualquer espaço de tempo é exíguo, que há um caráter de urgência no desenrolar do dia a dia.

Minhas referências são os idílicos finais de semana da minha infância. A companhia de meu pai, os cuidados da minha mãe, soavam eternos, longos, um imenso período de recesso da rotina diária, deixando um delicioso sabor de "que bom" durante o começo da semana seguinte.

Há quem culpe a Internet e seus semelhantes. Até parece... Das minhas principais percepções está a total indisponibilidade em escrever nestes recantos, por mais anseios que eu tenha. Fiquei por esses meses sem me comunicar com você, te deixando mais longe, apesar de sempre estar chegando.

Desconfio que os grandes vilões são os desejos modernos, as faltas de ilusão ampliadas dos tempos atuais, um certo naturalismo presente em todos. Algo da magia do passado se perdeu e anda fazendo falta. Reencontramos ela por aí?

Acredito que conseguiremos reencontrar, afinal tantos a almejam, mesmo sem saber, mesmo indiretamente. Faremos dela nossa herança, para nossos filhos, nossos netos. Descobriremos se deu certo quando nos encontrarmos.